MANTRA

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" quem tú és? "

quinta-feira, 16 de julho de 2015

CONTO I- A MENINA DA TERCEIRA CASA

A MENINA DA TERCEIRA CASA

Todo dia eu levantava, escovava os cabelos, tomava meu café, e ia assistir aula a 6 quilômetros da casa onde eu morava com minha família, éramos em 5 , eu , meu pai, minha mãe, e 2 irmãos, os dias na fazenda passavam devagar, quatro e meia da manhã era o normal para estarmos todos de pé, eu acordava bem antes das 6h, e tudo  tinha que estar prontinho, leite na mesa, ovos fritos e o pão da mamãe, e como todo  dia aquele dia não tinha sido muito diferente dos outros, no caminho da minha casa até o colégio, eram simetricamente contados por mim as  5 casinhas e os 3 pés de barriguda, eu saia de casa cedinho e começava a contar, passava na primeira casa e em minha cabeça se formava a contagem, menos uma faltam 4 casinhas, e 3 barrigudas para chegar no colégio, outra casinha, menos 2, falta 3 casinhas e 3 barrigudas para o colégio.
Peguei minha bolsa, daquelas de alça, e caminhei, chutava as pedras e sentia o cheiro da terra molhada pelo orvalho da madrugada, enchia o peito e corria, correndo, mas não muito, menino traquino, não poderia chegar suado na sala de aula, decorando a tabuada, organizava as ideias, e caminhava na estrada de terra, dividindo o caminho com as vacas e com os jumentos, essa longa jornada.
Na primeira casa eu sempre parava para olhar o macaco de seu João, seu João era um senhor que vivia sozinho, no quintal tinha algumas galinhas que ciscavam o chão, um galo que anunciava meus passos, o cheiro de café no meio do roçado, dividindo os pés de palma e de milho, o cultivo era o que tinha pra comer, a cidade era muito luxo e muito assustadora para aquela gente, eu era menino, e fui uma vez, para Campina Grande, era uma loucura, muito carro, muita gente nervosa , prefiro o cantar da rolinha e da ribaçã, aquilo não dava para mim, quanto mais para seu João, um velho ranzinza, o macaco de seu João era o “boliu”, me disseram que ele pegou quando era mais novo, o “boliu” ainda filhote nesse dia dizem que ele trouxe em uma caixinha de sapatos o primata  até o sertão da Paraíba, no começo a casa de seu João era suficiente para os dois, só que não avisaram a seu João que “boliu” era um "bogiu", e o bogiu não é um bicho muito pequeno, logo,  ou ficava boliu ou ficava seu João dentro da casinha de taipa, pobre do boliu, foi parar em cima do pé de goiaba, e eu tinha o péssimo habito de gritar todos os dias na minha caminhada.
-boliu , bolinha, desgraça, murrinha..
O macaco pulava pra lá e pra cá, gritava grunia, e seu João falava lá do meio do roçado,  
-menino danado, deixa o macaco. 
E eu saia correndo...
Na segunda casa eram duas irmãs gêmeas que moravam, a casa era de um quintal bonito de dar gosto, graminha verde, pé de manga, flores no jardim, as duas saiam pela manhã, com o mesmo vestido florado, cada uma com um regador, uma ficava com as rosas, outras com as margaridas, o cercado era branquinho, em volta de toda casinha, a fumaça emergia de dentro do bule, era da cozinha, simpáticas elas me viam, debruçados na sua cerca, e faziam.
-vamos comer? dando um leve xau de longe!
-não obrigado!
Nessa altura já estava quase na metade, a primeira barriguda eu passei, mas ainda tinha muita caminhada, o caminho era longo, mas a paisagem do dia nascendo me revigorava, a segunda barriguda era antes da terceira casa, passei por ela correndo, falavam que ela era mal assombrada, apesar de não acreditar nessas besteiras de "alma", eu acho melhor não confiar, sempre dou uma aceleradazinha no passo, melhor garantir.
A terceira casa, não tinha nada, uma casa vazia, um velho e uma velha, mau humorados, pareciam sempre tristes, nunca parava para observa-los direito, achava o seu desanimo contagiante, eu acabava ficando triste também, era uma casa grande, tinha uma porta, uma janela de um  lado e outra janela do outro lado da porta, olhava sempre com o cantinho do olho baixava a cabeça e caminhava sempre em frente, mas ficava na caminhada um tempo pensando porque eles eram tão tristes, a casinha tão bonita, e eles sempre tristonhos.
A quarta casa era a casa do Jair, todo dia eu o chamava  para ir comigo, Jair era meu melhor amigo, estudava na minha classe, e o pai dele era amigo do meu pai a muito tempo, nós crescemos juntos, e vivíamos nas horas vagas aprontando no meio da capoeira, caçando ribaçã, tomando banho de rio, e fazendo o dever de casa, como todo dia lá vou eu acordar o Jair, ele é muito dorminhoco, a mãe dele já tinha desistido de botar ordem no Jair, então eu quem boto moral no lesera, pra ele querer alguma coisa com a vida, claro, já vou entrando no quintal, abrindo a porta e dizendo.
-bom dia dona Cida, e o Jair?
-o Jair tá dormindo  meu filho, você não sabe como ele é. Veja se você acorda essa bela adormecida.
-tá bom... - vou entrando no meio da casa, passo pelo corredor, entro no quarto, e já dou uma tapa na cabeça daquele dorminhoco.
-bora meu filho, levanta “pra” Jesus!
Na velocidade da luz, ele se ajeita engole um pão e seguimos caminho, já na quinta casa, a gente pula o muro e rouba seriguela, e todo dia a gente segue essa rotina, mas naquele dia as coisas foram diferentes, quando o Jair me falou que na terceira casa do meu caminho estava chegando uma moradora, que disseram que era uma menina, e que ela era muito diferente, mas tão diferente que nunca teve amigos, tão diferente que mandaram ela vir morar aqui no meio do nada na zona rural com os velhos seus avós, e ainda diziam que ela podia voar e brilhar no escuro, eu fiquei super curioso afinal, mas diferente como? que tipo de diferença? na minha mente formou-se as hipóteses, será que ela é contorcionista como uma menina que veio no circo um dia desses por aqui, era muito estranho ver uma pessoa colocar o pé atrás da própria orelha, é melhor nem pensar nisso, já sei, acho que ela é uma daquelas meninas que se vestem de preto e que escutam umas musicas que faz muito barulho, um tal de rockize, roikse, sei lá, ela deve ter aqueles desenhos no coro  que chamam de “tartuage”, ou melhor ela é uma super menina e veio pra cá disfarçada de alguma super aventura, a sei lá, não sei como é ser diferente, mas deve ser ruim, mas brilhar e voar tem condições não como é uma pessoa tão diferente? mas voar é demais , como é possível, acho que estão loucos, mas será?
Fiquei curioso demais e minha inquietação  na aula inteira não me deixava fazer outra coisa ,pensei na tal diferença, tá certo que tem uns mais escurinhos, outros mais clarinhos, um de olho puxado, outro de olho grandão, mas são todos tão iguais, é difícil pensar em uma diferença, e pensava e pensava, terminou a aula e eu fui o primeiro a sair, e quase correndo eu queria passar logo na terceira casa, não roubei seriguela, dei um xau de longe pra mãe do Jair, e fui ver esse menina tão diferente, caladinho fui na porta da casa do Seu Chico e Dona Maria e estava fechada, eles eram aqueles velhinhos que moravam só que falei  no começo da prosa, que sempre estavam tristes e mal humorados. Estranho, sempre  quando eu passo para casa do colégio, sempre eles estavam assistindo televisão, e logo hoje, que eu queria ver esse menina diferente eles não estão, a casa esta toda fechada, até as janelas, não da pra ver nadinha, que frustrante, pulei o muro e comecei a imaginar, se ela é uma menina, talvez uma garotinha, deve ser neta deles, mas onde danado eles esconderam essa menina, como eu era muito "impossive", resolvi tramar um plano mirabolante, me esconder dentro da casa e ficar caladinho, olhar ela de perto e depois sair, mas morrendo de medo, só a cara do Seu Chico fazia qualquer um achar o papa figo um bichano.  
Primeira etapa do plano tá pronta, abrir a janela , a isso foi fácil, dei uma empurradinha, desloquei o ferrolho, e consegui abrir, me apoiei no cimento, peguei salto e pulei, boom, cai no meio do chão liso da sala, agora é só achar um canto pra se esconder, um lugar perfeito, achei uma cômoda de madeira meio alta, perfeita pra um guri de 12 anos ficar escondido, não demorei e fui “simbora” me entocando debaixo da cômoda, estava tudo escuro e apenas a luz da fresta da porta na parte de baixo, iluminando o chão frio de cimento batido onde eu estava deitado, foi quando começou o “vumvum” de um carro, olhei de onde estava o que danado era por debaixo da porta da casa, e só conseguia enxergar os pés de duas pessoas descendo de um carro , pela voz vi logo que era Seu Chico, a outra, a outra não dava pra ver, mas notei que a voz de Seu Chico estava brava, ai começou com as borboletas voando dentro da minha barriga, era uma agonia um frio nas pernas, a bexiga ficando frouxa, e se ele me pega? pensei, Ave Maria mãe de Deus, mas calma, vamos refletir, " ora, sou um homem ou um rato? ", sou um homem, decidi comigo mesmo, mas assim que virei o rosto na parede da sala uma espingarda cartucheira pendurada e prontinha para  ser usada, ai meu Deus, não aguentei e sai com o pé batendo na bunda em disparada na carrera, procurando a saída na porta da cozinha, e o povo entrando na casa pela frente, e eu sem conseguir abrir a miserável da porta de trás, depois de muita peleja abri, fechei e dei a volta no quintal, pra ver se via a dita cuja da menina, quando cheguei do outro lado, era tarde já tinha entrado todos na casa, e o velho batia a porta quase na minha “fuça” se eu estivesse perto.
Fui pra casa pensando naquele mistério, será que a menina realmente veio?  Como será que ela é? Cheguei em casa, liguei a televisão, e mais um fim de dia normal, em uma família normal do interior, e ainda mais da zona rural, todo mundo reunido na frente da televisão para assistir o jornal, jantar e ir dormir cedo, para no outro dia começar toda enfadonha rotina novamente.
Logo que o galo cantou não me veio outro pensamento, tomar banho e ir logo a terceira casa,  sai de casa chutando a mesma pedra, correndo e respirando o orvalho como de costume, na primeira casa, parei mais rápido para ver o “Boliu”, ainda tive força pra gritar.
-boliu, bolinha, “disgraça”, murrinha!
E ouvi o velho João gritar do meio do roçado, deixa o macaco menino safado, sai correndo na segunda casa, olhei para as gêmeas, eles estavam mais simétricas do que nunca, xau as duas, xau elas gritaram, vamos comer? Agradeci mas acelerei o passo, queria era chegar na terceira casa, fui chegando e a curiosidade aumentando, “bum bum” bate o coração de adrenalina logo de manhã, passei na frente da casa, e confesso que não vi nada, não pode ser, eu pensei, hoje de novo? Cadê essa menina? Já sei que ela deve ser diferente mesmo viu, porque só pode ser a menina “invisível”,  fiz que perdi alguma coisa e voltei, olhava pra baixo, e com canto de olho em direção a casa, foi quando o sol, ofuscou minha visão, e perdi por milésimo de segundos minha vista, mas como um anjo ela surgiu na janela, de olhos azuis, de cabelos amarelinhos, bochechas rosadas, uma roupa compostinha, e o cabelo solto no vento, debruçada sobre a janela, o ser mais lindo que vi na terra, seu olhar perdido no horizonte, beirava realmente a incógnita, e bateu o coração do menino, a inocência da virgindade de sentimento, descobre o que talvez seria o amor?
Observava de longe, tímido baixei a cabeça, olhava de novo, encarava e franzia a testa,  ela olhando para o horizonte parecia pensativa, olhava pra frente e não me notava, mas fiquei com tamanha cara de bobo, eu ela me viu, fixou o olhar, eu não aguentei e sai correndo que coisa estranha, senti um frio subindo a espinha, um suor sem calor, o que danado era aquilo, parecia que a menina era uma bruxinha, no meio da correria na quarta casa perguntei por Jair.
-          Cadê Jair? A mãe do menino lá dentro da quarta casa gritou, Jair já foi pra o colégio, hoje ele nem te esperou, aconteceu um milagre, hoje esse menino acordou bem no horário e você não chegou, pegou a mochila abriu a porta e se mandou..

Achei engraçado e ficava pensando o que aquela menina tinha demais, esta certo que era bela, mas também não era tão diferente assim, contei dois olhos, uma boca e um nariz, não vi nada de mais, para tanto assombro, quando chegar no colégio, vou dizer a Jair.
-          Ei Jair, vi a menina.
-          E ai como ela é? Tem pés de cabra? Cospe fogo? Ou será que voa?
-          “Homi” deixe de ser besta, ela é bem normal, cabelo cor do sol, bochecha como uma tomate madura, branquinha como folha de papel, mas quando vi o azul de céu dos seus olhos, não aguentei e corri.
-          Correu? Deixei de ser mole cabra frouxo, tu correu do olhar de um mulher? Imagina quando alguma doida um dia querer te dar um “bejim”?
Fiquei sem moral, todo encabulado, na primeira vez que uma menina olha pra mim, eu pego e corro? Isso não e natural, até do macaco de seu João eu enfrentava, mas aquela menina, não conseguia nem mesmo pensar, em encarar...mas vendo o Jair rindo da minha cara, pensei, hoje eu vou ficar e perguntar àquela bruxinha...
-          Tá olhando o que hein?
 Jair não satisfeito chamou os meninos do sitio inteiro , para contar a minha historia, fiquei todo por fora, e eu disse.
-a é? Então porque você não vai lá?
E Jair todo afoito.
-mas pois, hoje eu vou na terceira casa conhecer essa menina, e puxar um monte de conversa, vou honrar a minha cueca, que eu não sou mole como uns “cabrinha ali”
No fim da aula foi aquela algazarra um monte de menino saindo do Colégio, queriam mesmo ver o azul dos olhos da menina da terceira casa, a novata da região, e ver o Jair garanhão, se dar bem na conversa.
 Passamos da quinta e da quarta casa, os meninos atrás do pé de barriguda olhavam de longe, Jair se afastou e foi caminhando, na janela da casa não tinha ninguém, e eu pensava, “o bicho de sorte”, ele foi andando com uma moral, que cabra valente, seu conceito subiu pra toda molecada, mais quando menos esperava, na outra janela a menina apareceu,  com um olhar espantada ela olhou pra o menino, no meio do quintal, e ele olhou para ela, o Jair parou de andar, e de longe a perna a gente via “bambiar”, Jair esboçou um sorriso, mas nada saia, ela começou a lhe encarar, e quando pensou em falar, Jair gritou, Mainha tô chegando pare de gritar, e o pé do menino na bunda batia com medo da guria da terceira casa, eu pensava que  corria mas comparado a Jair eu vi que era um pangaré velho.
E todos os dias era aquela historia eu passava na terceira casa e mal virava a cara, olhava de lado e com o canto do olho, via a menina sempre debruçada na janela olhando o horizonte, ela nunca me percebia direito, eu passava como um fantasma sem chamar atenção, mas confesso que meus dias ficavam bem mais interessantes, não tinha mais macaco, nem tinha mais gêmeas, o meu pensamento era sempre a menina da terceira casa, mas pensando comigo, eu ficava imaginando, coitada da menina, nunca vi ela saindo de dentro da casa, não tem amigos, nem estuda, vive apenas com aqueles velhos mal humorados, que por sinal nunca mais tinha os visto, ela sempre estava lá fora nos mesmos horários, quando eu ia de manhãzinha para aula, e no começo da tarde quando eu vinha, as vezes passava a noite, e era tudo fechado, passava de tardezinha para jogar bola na quadra do colégio e tudo fechado, tudo era muito estranho, muito estranho...
Um dia uma coisa diferente aconteceu, eu sabia que aquela dia prometia, o galo cantou mais alto, o ar estava mais puro, o dia mais claro, parei pra insultar o macaco e ele nem ligou, me olhou com uma espécie de sorriso, estava achando aquilo muito estranho, quando passei na segunda casa  estavam as gêmeas morrendo de rir, brincando com o cachorro filhote que acabaram de encontrar, a felicidade estava realmente pairando no ar, e o mais incrível aconteceu, como todo dia na casa terceira, olhei a menina na janela, e ela estava lá, baixei a cabeça e segui, foi quando ouvi aquela vozinha.
-ei menino teu lápis...
Pensei que era o vento e continuei andando, de novo a voz. só que mais alto...
-ei menino o lápis...
Eu olhei de lado e era a menina falando, rindo pra mim, na maior simpatia...
-seu lápis caiu no chão, olha ele lá atrás, você vinha andando tão distraído que nem percebeu...
Eu com um cara de espantado nem agradeci, voltei peguei o lápis e dei uma risadinha...todo sem jeito..., tomei folego  e disse...
-obrigado.
-não a de que, qual o seu nome? Ela perguntou
Respondi e perguntei o dela em seguida..
-Amanda, muito prazer, você mora aqui perto não é?
-sim, eu moro a três casas da sua...
-ah sei, perto da casa que tem um macaco grandão?
-sim como sabe? Você já foi lá?
-não, mas meus avós me contaram, que tinha um macaco gigante ali na primeira casa depois da sua..
-somos amigos- na cara de pau respondi falando do macaco.
- você então é neta dos seus avós, ops, claro, desculpe as vezes eu sou meio burrinho( nervoso pra danado eu estava e falando besteira disfarçando com um sorriso amarelo)
-sim, sou neta dos meus avós...- caindo na gargalhada ela  respondeu.
E a partir dali perdi foi a hora da aula, conversamos e conversamos, descobri que ela era de João Pessoa cidade grande que era capital da Paraíba, que ela estava de férias, e que era a primeira vez que tinha vindo a um sítio, disse que a noite contava as estrelas, era fã da lua, contou quanto era feliz na sua casa da capital, disse que seus pais eram maravilhosos, mas que não tinha irmãos, rimos juntos contando piadas, e ela até ficou tristinha quando falou da morte do seu cachorrinho “algodão”, disse que ia a praia, eu fiquei fechando os olhos e imaginado como era, menino de sítio nunca tinha ao menos colocado o pé naquela areia, e ela disse que tinha o suficiente pra encher uns três açudes do que tínhamos na região, sem contar o montão de água mas ela disse que era água ruim, salgada como carne de charque, eu já tinha até visto mas era na televisão nos filmes lá do Rio de Janeiro, nos livros que lia as vezes, mas vendo assim ela falando eu me sentia lá, correndo pra lá e pra cá com o Algodão seu finado cachorro, e todo dia criamos aquela rotina, na volta do colégio eu ia lá e conversava um pedacinho, e voltava pra casa, todo dia e todo dia...
Mais uma vez Jair me fez a pergunta que me despertou para uma coisa que eu já tinha ate esquecido.
-e ai?  o que danado ela tem que o povo fala que ela é diferente..
Ai comecei a falar..
-a ela é diferente, porque ahhh, por que ela é legal, ela é engraçada...- e não conseguia descrever mais nada da danada.
-sim, mais isso ai você já falou, eu também sou legal e engraçado, quero saber das coisas secretas que o povo falaaaa... - em tom de mistério imitando um fantasma ele comentou.
-sinceramente,  nada demais-  respondi a Jair
Apesar de decepcionado fiquei com aquilo martelando na cabeça, o que ela tinha? Tantas conversas não poderiam ser em vão, afinal por aqui temos um ditado, onde há fumaça há fogo, então resolvi nesse dia ser mais curioso e tentar descobrir o mistério de Amanda da terceira casa, outra coisa que não saia da minha cabeça, onde danado que os avós dela estavam? Desde que ela chegou eles sumiram. De repente comecei a pensar um monte de besteira, e minha mente se encucava e concluía uma coisa:
-meu deus agora tudo faz sentido, Amanda com aquela carinha de anjo, deve ter dado sumiço aos vovôs, será?

CONTINUA...